Um grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro tentou invadir a sede da Polícia Federal, em Brasília, e incendiou dezenas de carros e ao menos um ônibus na noite desta segunda-feira (12) em protesto contra a prisão de um indígena que participava de manifestações antidemocráticas. A polícia tenta dispersar os manifestantes usando balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. O grupo, porém, revida atirando paus e pedras em direção aos policiais. Ao menos uma pessoa ficou ferida no confronto.
Após o indígena ser levado pela PF, cerca de 200 apoiadores de Bolsonaro, portando armas de madeira, foram para a frente da instituição para protestar e atiraram paus e pedras contra o prédio. Vias próximas à sede da corporação, na área central de Brasília, foram fechadas. A Polícia Militar ajuda a fazer a segurança do prédio.
Enquanto a PF tentava afastar o grupo, alguns manifestantes passaram a vandalizar carros estacionados nas redondezas e atacaram um ônibus que passava pela avenida W3, próxima à sede da corporação, com pedradas, que atingiram passageiros. Veículos estacionados ao lado de um dos principais shoppings da cidade, em frente à sede da corporação, foram queimados.
Após a PF dispersar manifestantes, parte do grupo se dirigiu para uma área próxima onde o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, está hospedado. O local fica a menos de 2 km de onde houve a confusão. Como precaução, a PF reforçou a segurança na região e fechou a Esplanada dos Ministérios, via que dá acesso ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal.
O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, condenou os ataques pelas redes sociais. "Inaceitáveis a depredação e a tentativa de invasão do prédio da Polícia Federal em Brasília. Ordens judiciais devem ser cumpridas pela Polícia Federal. Os que se considerarem prejudicados devem oferecer os recursos cabíveis, jamais praticar violência política", afirmou ele.
Prisão
Segundo o Supremo Tribunal Federal, o ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão temporária de José Acácio Serere Xavante, pelo prazo inicial de dez dias, pela suposta prática de condutas ilícitas em atos antidemocráticos. A decisão atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República.
"Segundo a Polícia Federal, Serere Xavante teria realizado manifestações em diversos locais de Brasília, notadamente em frente ao Congresso Nacional, no Aeroporto Internacional de Brasília (onde invadiram a área de embarque), no centro de compras Park Shopping, na Esplanada dos Ministérios (por ocasião da cerimônia de troca da bandeira nacional e em outros momentos) e em frente ao hotel onde estão hospedados o presidente e o vice-presidente da República eleitos", diz nota enviada pela Corte.
Ao pedir a prisão temporária, a PGR disse que ele vem se utilizando da sua posição de cacique do Povo Xavante para arregimentar indígenas e não indígenas para cometer crimes, mediante a ameaça de agressão e perseguição de Lula e dos ministros do STF Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.
“A manifestação, em tese, criminosa e antidemocrática, revestiu-se do claro intuito de instigar a população a tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo a posse do presidente e do vice-presidente da República eleitos”, registrou a PGR.
A pergunta que não quer calar é: Por que esses atos ainda não são tratados como terrorismo? Já que é o que são.
Informações: Folha de Pernambuco
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