Se existe uma palavra para definir as apresentações do Cordel do Fogo Encantado após oito anos afastados do palco, essa palavra é EMOÇÃO. E no Palco Mestre Dominguinhos , do maior festival de inverno do Brasil, não poderia ser diferente. O grupo criado na cidade de Arcoverde, voltou ao FIG e levou o público as lágrimas nesta sexta-feira, 20 de julho. Com a turnê do disco "Viagem Ao Coração do Sol", que já passou por cidades como Salvador, Rio de Janeiro, Recife e Arcoverde, o grupo formado por Lirinha (voz e pandeiro), Clayton Barros (violão e voz), Emerson Calado (percussão e voz), Nego Henrique (percussão e voz) e Rafa Almeida (percussão e voz) esquentou a noite de 14.º, na cidade de Garanhuns.
O público que lotava a Praça Mestre Dominguinhos cantou junto todas as músicas apresentadas no palco e faz um passeio pela história do grupo, unindo o passado e o presente, através de músicas históricas como " Chover", " O palhaço do circo sem futuro" e " Morte e Vida Stanley" , Além das novas composições como a canção "Liberdade, A Filha do Vento" tão presente no evento , no ano em que o FIG homenageia a Liberdade.
Lirinha e Emerson conversaram com exclusividade com o nosso Blog, nos bastidores:
Lirinha você chegou a se arrepender alguma vez de ter acabado com o grupo?
Lirinha: Bem, arrependimento exatamente não. Mais sempre, desde o primeiro momento, muita falta e muita saudade, e muito desejo de que isso acontecesse, esse reencontro. É isso. Naquele momento era o que aconteceu, que eu achava que deveria acontecer. Mais as coisas se transformam e estamos juntos novamente. Na verdade, nunca deixamos de estar juntos nos pensamentos, na ideia de mundo, na ideia de música.
Lirinha, em conversava com Emerson sobre a dificuldade que tinha de mencioná-los como ex Cordel, ele me contou que sentiu isso por parte da imprensa quando ia apresentar os novos projetos e as pessoas queriam saber do retorno do grupo. Você sentiu isso?
Lirinha: Não sei. O Cordel do Fogo Encantado é maior que os próprios integrantes. Ele foi criado e se tornou algo mais forte que a gente, sabe. Que tem a ver com o público, o público também faz o Cordel do Fogo Encantado. Somos apenas personagens dessa ideia que se criou. A gente sentiu um pouco isso né Emerson, mas acho que a força da banda era tão grande que os trabalhos individuais da gente ficavam ofuscados por isso.
Emerson, fazendo uma análise do Cordel de 08 anos atrás com o Cordel atualmente o que mudou?
Emerson: Nós tivemos oportunidade nessa pausa de nos aprofundar em outros projetos, desenvolvemos mais autonomia artística, e isso foi muito importante pra gente remontar o Cordel com mais segurança. Todo mundo teve tempo de viver novas experiências, de ter trocar essa musicalidade com outros artistas, até se dividir, se espalhar mais geograficamente pelo país. Hoje eu moro na região Norte do país. E tudo isso serviu para esse amadurecimento e fortalecimento do conceito. Por que assim como houve essa fase de certa letargia do Cordel, existiu também uma metamorfose para esse retorno, e ele veio de uma forma que estava todo mundo muito a fim , muito feliz e querendo muito isso. Também parte do público que manteve essa ideia viva né, essa chama acesa. Sempre mencionaram a banda e sempre pedindo e sempre vibrando para que esse retorno acontecesse e essa energia voltasse a fluir entre nós.
Há 08 anos atrás, não havia uma internet que aproximasse tanto os artistas do público, e com o passar dos anos, mesmo sem as músicas estarem nas plataformas, houve uma renovação de público da banda. Hoje vocês retornam a Garanhuns, no ano que o evento celebra a LIBERDADE. Como vocês vêem esse cenário atual aonde a liberdade está lutando tanto para existir?
Lirinha: A gente voltou no momento perfeito. Que era importante e necessário. Juntar toda essa força, essa ideia , em um momento de intolerância religiosa, e trazemos uma música que fala sobre esse tema. Também é um momento de uma certa desesperança. Então, eu acho que o Cordel volta no momento certo. Como dizemos na música Raiar " chegou a hora de raiar. A hora certa".
A banda saiu do palco, com o público gritando " O Cordel Voltou". E voltou na hora certa .
Amannda Oliveira
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