Foto: João Vasco
Está de malas prontas a mestra do coco do Amaro Branco (Olinda), Dona Glorinha do Coco, que viaja dia 1º de julho para o XXXVII Festival do Caribe, no dias 03, 04 e 05 de julho, na Casa do Caribe, em Santiago. Este ano, o evento é dedicado à cultura popular da ilha de Bonaire, município especial abrangente dos Países Baixos e considerado um território ultramarino da União Europeia. A mestra do Coco do Amaro Branco viaja com seu grupo composto por Viola Luz, Isa Melo, Chris Nolasco e Tony Boy. Numa oportunidade ímpar, patrocinada pelo Ibermùsicas - Programa de Fomento das Músicas Ibero-Americanas, em ação conjunta com a Funarte, Dona Glorinha do Coco apresentará seu coco ancestral, inserida neste contexto de festividade e celebração, para orgulho dos pernambucanos e estreitamento de nossos laços culturais com o povo cubano.
Além de tradicionais manifestações populares da ilha, haverá espaço para poesia, oficinas de arte, contação de história, música e apresentação de pesquisas sobre a história e cultura dos países da região, como informa a produção do evento. Dona Glorinha do Coco entende a ocasião como uma abertura de horizontes e espaços ao seu trabalho de tradição oral, e agora com a responsabilidade de quem leva nos ombros a cultura de um Brasil, neste momento por ela representado.
Do começo do ano pra cá, Dona Glorinha do Coco recebeu três homenagens e prêmios: Troféu AcinPE, Troféu Diva Pacheco e Trofeu Mulheres Empoderadas Geram Transformações Sustentáveis. Nesta viagem a Cuba, Dona Glorinha foi selecionada no Ibermùsicas, edital internacional que contempla artistas dos países que fazem parte do programa de apoio à música Ibero-americana. Vários artistas de vários países foram contemplados. Dona Glorinha do Coco encabeça a lista dos nove brasileiros contemplados, contando com ela, que recebeu o teto máximo de dez mil dólares, para a compra das passagens. Foi a única a receber o teto máximo.
Ano passado foi homenageada do São João do Recife e em 2015 foi finalista do Prêmio da Música Brasileira, como melhor cantora regional e melhor CD regional. Agora há pouco, foi uma das vencedoras do 2º Prêmio Ariano Suassuna de Cultura Popular e Dramaturgia, pelo Governo de Pernambuco, por meio da Secult-PE e da Fundarpe, no segmento Cultura Popular - Mestre
Sobre Dona Glorinha do Coco
Maria da Glória Braz de Almeida ou Dona Glorinha do Coco nasceu no bairro do Amaro Branco, em Olinda/PE, em setembro do ano de 1934. Neta de uma escrava fugida do interior de Pernambuco, a história de Dona Glorinha se confunde com a da própria comunidade, uma base do coco em Pernambuco há mais de 100 anos. Fundado oficialmente em 1925 pelos frades franciscanos que residiam no Convento de São Francisco, em Olinda, a comunidade já existia desde muito antes, formada por pescadores e ex - escravos que no alto da colina e “cercados por abundantes coqueiros, começaram a erguer seus mocambos cobertos pela palha do coco que, aliás, dá nome à brincadeira mais celebrada da região”. Joana, nome da avó de Dona Glorinha, foi procurada pelos feitores e pela polícia, mas nunca encontrada e assim, constitui família naquela localidade com a qual se identificou e onde foi tão bem recebida. Dos filhos que colocou no mundo, Maria Belém, mãe de Dona Glorinha, foi destaque no Amaro Branco, participando de várias agremiações carnavalescas e fundando, entre outras coisas, a Escola de Samba Oriente (1945), até hoje em funcionamento. Nas rodas de coco de sua comunidade, onde ficou conhecida por suas composições, era figura ilustre e bem conceituada entre os brincantes locais, que esperavam a senhora nas sambadas, sempre acompanhada de Dona Glorinha que lhe respondia os cocos desde os sete anos de idade. Sua avó, que foi mulher calada, comportamento esse decorrente dos anos de escravidão, faleceu aos 105 anos de idade, Maria Belém, por sua vez, faleceu em 1991 aos 97 anos, deixando um grande legado que não se perdeu no tempo. Hoje, Dona Glorinha é a mestra de coco mais antiga da cidade de Olinda e uma das mais representativas no estado de Pernambuco. Com empoderamento e propriedade tem difundido esse legado que, sendo seu por direito é também herança de todo povo brasileiro. Seu trabalho original e cheio de ancestralidade tem lhe rendido frutos de importante reconhecimento, a exemplo de homenagens, troféus, condecorações e à representação de seu país em festivais de música e cultura, em âmbito internacional, como o Ano do Brasil em Portugal, em Lisboa (2013), e Festival do Caribe, 37ª edição, em Santiago de Cuba, em 2017. Finalista do Prêmio da Música Brasileira, edição 2015, com seu primeiro CD, intitulado Dona Glorinha do Coco, a mestra que se sente gratificada com as surpresas que a maturidade constantemente lhe traz, busca ratificar sua trajetória de sucesso, sempre pautada na simplicidade e perseverança.
PROGRAMAÇÃO DONA GLORINHA DO COCO NO FESTIVAL:
Dia 3/07 – 21h- Casa del Caribe #1
Dia 4/07 – 21h - Casa de Bonaire, país homenajeado (ICAP)
Dia 5/07 – 17h - Desfile Inaugural
Dia 5/07 – 20h - Casa Dreanguet
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