Marcus Prado/Cortesia
O Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural (CEPPC) aprovou, o pedido de tombamento do casario da cidade Pesqueira, referente aos imóveis 23, 39, 49, 57,65 e 71 da Rua Cardeal Arcoverde, localizada no centro do município.
O parecer, apresentado pelo conselheiro Marcus Prado, destacou o “estado de conservação das casas e de seus traços arquitetônicos, que estão bem preservados”, conforme diagnosticou o exame técnico elaborado pelo corpo técnico da Gerência de Preservação do Patrimônio Cultural da Fundarpe. “O casario mantém as suas características arquitetônicas traçadas nos anexos do processo, não oferecendo, presentemente, nenhum indício ou sinal de descaracterização”, disse Prado.
Além disso, o relator do processo fez questão de colher informações entre os moradores e atuais proprietários dos imóveis, que ressaltaram que o “tombamento garantirá a proteção, através do poder público, desses bens de valores arquitetônicos, históricos e afetivos imensuráveis, demonstrando assim a capacidade do pesqueirense em investir na construção de imóveis com riqueza de traços característicos de um tempo áureo da cidade, além da determinação de conservar os imóveis sem descaracterizá-los”.
Os conselheiros acataram o pedido por maioria dos votos e solicitaram que a Fundarpe apresente, no período de dez dias, o polígono de tombamento dos imóveis.
Uma vez apresentadas as observações recomendadas pelo CEPPC à Fundarpe, o processo retorna à Secult-PE, que o encaminha para o governador do Estado, responsável pela publicação do decreto de tombamento. Depois de publicado, o decreto é despachado ao CEPPC, que inscreve os imóveis no seu livro de tombo.
Imóveis tombados
A Rua Cardeal Arcoverde, onde se localiza o casario, foi o primeiro arruamento do município e possui um importante papel na sua estrutura urbana, indicando o que viria um dia a ser o eixo principal de Pesqueira. Ao longo dos anos, o logradouro manteve fortes traços de sua ambiência original, que começou a tomar forma ainda em 1800, mantendo seus principais usos, tipologias e gabaritos.
A industrialização da cidade implicou na vinda de diversas inovações, que modificaram o seu aspecto urbano, mas não atingiu o eixo principal, minuciosamente estudado pela arquiteta Maria Laís Maciel Tabosa, em seu trabalho de conclusão de curso, desenvolvido como requisito para a integralização dos créditos do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pernambuco.
Nesse casario, observa-se a linha de força matriz, a espinha dorsal do que seria a cidade de Pesqueira. Mais do que isso: assinala uma fase de significativo desenvolvimento industrial, com a instalação de suas fábricas de doce, que modificou o caráter da cidade. “A instalação das fábricas dentro do eixo principal acabou marcando a paisagem da urbe. Seus monumentais edifícios se destacavam do entorno de casas térreas e suas chaminés marcavam a paisagem do município, que logo se tornou um exemplar de cidade industrial do agreste pernambucano, conhecida como Cidade das Chaminés”, relata Tabosa.
Segundo ela, porém, a diversidade de níveis dos imóveis nesse período não foi alterada, mantendo as diferentes perspectivas de visibilidade. “Não ocorreram mudanças de gabarito ao longo do eixo arquitetônico, estas são pontuais e não alteram as referidas visibilidades”, diz no seu trabalho de conclusão de curso. E acrescenta: “as edificações apresentam uma arquitetura neoclássica brasileira: casarios com platibandas corridas e decoradas; fachadas marcadas por janelas (em arcos abatidos, arcos plenos, arcos ogivais) e coberturas de duas águas em telha canal”.
O casario também é composto de calçadas altas e, segundo o que observou o conselheiro Marcus Prado em suas andanças pela cidade, “não há riscos de perdas em casos de chuvas intensas”. “Circulei pelas ruas de Pesqueira e nada encontrei, entre as suas antigas edificações, que desabonasse a vocação do pesqueirense para o zelo do seu patrimônio construído. As futuras gerações usufruirão à história dessa cidade, podendo contemplar in loco o bom gosto, a sensibilidade dos antepassados e senso de responsabilidade da atual geração”, destacou em seu parecer.
Pedido
O processo de tombamento foi aberto por solicitação do Instituto Histórico e Geográfico de Pesqueira, assinado pelo presidente José Florêncio Neto, e deferido pelo então Secretário de Turismo, Cultura e Esportes, Francisco Bandeira de Mello.
Fundarpe
0 Comentários