Crédito: Costa Neto/Secult-PE
O relógio marcava pouco mais de 20h da segunda-feira, 3 de agosto, quando as cores e os chicotes dos tradicionais caretas de Triunfo anunciaram o início de um dos momentos mais esperados pelos amantes do cinema e moradores do Pajeú: o Festival de Cinema de Triunfo.
Realizado pelo Governo de Pernambuco, através da Secult-PE e Fundarpe, em parceria com a Prefeitura da cidade, a oitava edição do festival estreou sua intensa programação saudando a obra e a contribuição do escritor e cineasta Fernando Monteiro à cultura pernambucana.
“Esta é uma homenagem que muito me sensibiliza porque recebo como uma lembrança, um reconhecimento não apenas a mim, mas a toda minha geração – e a uma anterior até – que sofreu para manter o cinema quando ainda existiam poucos meios de produção, diferente de hoje”, comentou o homenageado. Marcando a noite de homenagem, o público presente ao Cine Theatro Guarany assistiu ao documentário ‘Filme de Percussão Mercado Adentro’, uma obra de Fernando realizada em 1975 sobre o Mercado São José, no Recife. “Como o filme perdeu cor com o passar do tempo! É assustador pensar que, apesar de todo o prestígio, o cinema é extremamente frágil”, declarou o cineasta ao final da sessão.
Símbolo de uma geração que compreendeu o fazer cinematográfico como forma potente de intervenção política e social, Fernando saudou, em seu discurso, as novas gerações de cineastas e sugeriu: “Que vocês sigam tentando decifrar, explicar, mostrar o Brasil. A nossa alma, aquilo que nós somos, a nossa identidade como povo e a possibilidade de uma nova cultura humanista, ainda que em um momento de tanta arrogância e eurocentrismo no mundo. Pela sua miscigenação e capacidade de unir todas as possibilidades culturais, o Brasil pode dar este recado essencial”.
Em entrevista após a sessão, Fernando Monteiro complementou seu recado aos novos realizadores afirmando notar “um certo intimismo e preocupações estreitas” no cinema de hoje. “A gente herdou um cinema mais amplo, mais largo, com uma forte preocupação humanista. Acredito que nesses tempos de ordem econômica perversa, é necessário refletirmos sobre grandes temas, conservar o lado humanista do cinema”, finalizou.
A noite também foi de largada para a mostra competitiva de longas metragens nacionais, com a exibição do filme ‘Permanência’, do pernambucano Leonardo Lacca. Representando a equipe do filme, a atriz Rita Carelli ressaltou que “o longa é fruto da maneira persistente, íntima e generosa com a qual se faz o cinema realizado atualmente em Pernambuco”. Também destacou a alegria que sente em ver “a transformação do cinema na última década e de presenciar um festival como este, com oficinas, master class e júri popular”.
Vida longa ao Festival
A importância do Festival de Cinema de Triunfo para o fortalecimento da cadeia do audiovisual pernambucano foi o destaque das falas oficiais de abertura.
Para Severino Pessoa, gerente de articulação social da Secretaria de Cultura de Pernambuco, “o festival mantém uma programação extensa e se consolida como um espaço para que cineastas e militantes do cinema possam mostrar seus trabalhos, além de ser um momento de celebração da política para o audiovisual, que também contempla o investimento do Funcultura e ações descentralizadas”. Já o prefeito de Triunfo, Luciano de Sousa, agradeceu a parceria cultural com o Governo do Estado “que não se dá apenas neste momento, mas também no Carnaval, no Natal e na Festa dos Estudantes” e ressaltou o perfil acolhedor da população triunfense que, “se alegra com a chegada de representantes de onze estados que participam do evento”.
Representando o SESC-PE, parceiro do Festival, Naruna Freitas aproveitou a oportunidade para anunciar o apoio institucional ao projeto Cinema na Estrada, que vai levar, ao longo da semana, exibições gratuitas a comunidades mais afastadas do centro de Triunfo. “Nesse momento de festa do cinema, a gente não podia ficar de fora, convidamos todos a participarem desta semana ímpar para a cultura da região”, afirmou.
Fundarpe
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