Imagem do último show de Josias Lima em 22 de junho
Morreu na noite desta terça-feira (26), em Arcoverde, aos 65 anos, o Maestro Josias Lima. O músico lutava desde 2012 contra um câncer que lhe afetou o sistema digestivo. Mesmo doente, Josias continuava a carreira de compositor e ínterprete, tendo inclusive participado do Baile Municipal de Arcoverde deste ano, tocando com a Super OARA. A última apresentação de Josias foi durante o São João de Arcoverde no Polo Multimusical no dia 22 de junho deste ano.
Josias Lopes de Lima, nascido na cidade de Altinho (PE), no dia 23/11/1949, mudou-se com a família para a cidade de Pedra aos 9 anos, onde ainda adolescente teve os primeiros contatos com a música na Banda de Música da Prefeitura, a qual era regida pelo Maestro Cícero Ferreira Barros. Josias começou tocando requinta e depois passou assumir a função de saxofonista, instrumento que é o de sua preferência.
Profissionaliza-se aos 19 anos e se muda para Caruaru, onde passa atuar na Banda de Música Nova Euterpe, que era comandada pelo Maestro Zeferino. Depois, transfere-se para Banda de Música Comercial, ainda na cidade de Caruaru. Josias considera essa fase como uma das mais importantes do seu aprendizado musical, principalmente pelos ensinamentos repassados pelos Maestros Zeferino e Bordião.
Paralelamente integrou o conjunto Los Marines, cujo líder era o famoso acordeonista Camarão. Esse grupo empreendeu várias turnês pelo Norte-Nordeste.
No ano de 1974, Josias Lima é convidado para integrar a Banda Sinfônica de São Bernardo do Campo, que à época era regida pelo Maestro José da Conceição Souza. Nessa Banda, atuou como clarinetista durante nove anos ao lado do famoso músico Proveta.
Voltou ao Nordeste no ano de 1983, para atuar na Orquestra Super-OARA, tendo assumido a função de saxofonista e de principal arranjador. Com a OARA, Josias fez apresentações por todo o Brasil, tendo permanecido no grupo até 1996. Nesse ano muda-se para a cidade de Francisco Beltrão no Paraná, onde passa a compor a Orquestra Express 2000. Já no ano seguinte, é chamado a integrar a Orquestra Madrigal Soares na cidade de Juazeiro (BA).
Sendo convidado para fundar a Escola de Música da Fundação Terra em Arcoverde, Josias retorna a Pernambuco, onde atuou até 2012 como professor de teoria musical e prática em instrumentos de sopro, já tendo formado uma geração de novos músicos, num trabalho que une ações sociais e culturais na comunidade da Rua do Lixo.
Na discografia do Maestro constam três trabalhos. Em 2008, lança o álbum solo Ontem, Hoje e Sempre, o qual é integralmente composto por canções instrumentais inéditas, do próprio Josias. Esse CD teve grande aceitação na cidade de Arcoverde e Região, tendo vendido mais de 1000 cópias.
Josias, em parceria como o arcoverdense Kleber Araújo, classificou a canção Frevo das Rosas no Concurso de Música Carnavalesca, realizado pela Fundação de Cultura da Cidade do Recife no final de 2010, a qual ficou na terceira colocação na categoria Frevo Canção e foi incluída no CD do festival, lançado pela gravadora Biscoito Fino. Essa música, interpretada pelo cantor Josildo Sá, foi bastante executada na programação carnavalesca do ano de 2011 nas rádios do Recife e Arcoverde. Em 2013, outro frevo de Josias, Domingos de Carnaval, é classificado entre as finalistas desse festival.
Em fevereiro de 2011, dentro de um projeto de interiorização do Frevo, Josias lança o CD Dois no :Frevo, em parceria com Kleber Araújo, disco que inclui nove frevos de sua autoria e conta com seus arranjos em todas as quinze faixas.
Seu último trabalho foi “Vivendo e Achando Bom”, CD instrumental com 15 faixas, dentre choros, sambas e baiões, que foi lançado em 2012. Josias deixou muitas canções inéditas, dentre chorinhos, frevos, forrós e marchas, material suficiente para a gravação de mais de um disco.
O artista era casado com Maria José, com quem teve cinco filhos, um dos quais, Adriano Lima, tem se destacado no cenário musical nacional, tocando na banda Aviões do Forró. Do primeiro casamento Josias tinha mais dois filhos que residem em São Paulo.
A classe artística de Arcoverde chora a perda de suas maiores referências musicais.
Segundo informações da família o velório acontecerá na sua residência, localizada na Rua Maria Eulália de Siqueira, 94, ao lado do Hospital Memorial de Arcoverde.
O sepultamento será na tarde de amanhã (27).
Mais uma grande perda para a música pernambucana e mais um vazio que se abre na música arcoverdense.
Informações: COCAR
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