O filme é uma propaganda da empresa cuja filosofia, segundo o longa, é levar informação para as pessoas e tornar a vida delas melhor
Não podia haver um momento mais propício - para o Google - para se lançar a comédia "Os Estagiários". Fosse feita meses mais tarde, iria parecer filme de encomenda da corporação, tentando limpar sua imagem, depois dos escândalos de espionagem do governo norte-americano na Internet. São 119 minutos de propaganda da empresa cuja filosofia, segundo o longa, é levar informação para as pessoas e tornar a vida delas melhor.
Isso é o que está na superfície, mas um olhar mais profundo revela, nas entrelinhas, um retrato bastante interessante sobre o mundo corporativo do século 21. A trama é banal e mostra dois quarentões, Bill (Vince Vaughn) e Nick (Owen Wilson), que, após perderem o trabalho como vendedores, tentam uma vaga no programa de estágios do Google.
Seguem, então, as situações mais previsíveis possíveis: os candidatos são divididos em grupos e os protagonistas ficam com os renegados. Eles custam a se adaptar porque os jovens são bem mais inteligentes do que eles, mas a dupla tem algo que a garotada não possui: experiência de vida. Ao fim, percebem que podem aliar as duas coisas para derrotar ‘o time do mal', liderado por Graham (Max Minghella).
Há, no entanto, algo bem mais relevante, um comentário acidental sobre a sordidez do mundo corporativo contemporâneo. Travestido de parque de diversões e bem estar - com quadras de vôlei, playground, cantinho da soneca e outras coisas - o QG da empresa é um mundo à parte que permite aos seus funcionários não apenas trabalhar, mas fazer tudo o que precisam sem sair de suas dependências - transformando o trabalho em algo integral. Há o cantinho da soneca, por exemplo, e nele, enquanto o empregado ‘descansa' pensa sobre formas de incrementar os negócios da empresa e os serviços oferecidos.
Obviamente, o diretor Shawn Levy ("Gigantes de Aço") e os roteiristas - Vaughn e Jared Stern - estão tão encantados com a ideia de vender o Google como a melhor empresa do mundo que não se dão conta do comentário negativo que pode haver embutido no filme. Num momento de crise econômica como os Estados Unidos atravessam atualmente, chega a ser irresponsável vender o mundo corporativo como algo saudável e divertido.
Fonte: Blog do Ornilo Lundgren / http://www.administradores.com.br
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