Com o objetivo de desmistificar o diagnóstico de morte encefálica (quando o cérebro morre, mas o coração permanece batendo por algumas horas) e tentar reduzir a lista de espera por um transplante no Estado, a Secretaria Estadual de Saúde, dá início, na próxima terça-feira (24/09), às ações da Semana Nacional de Doação de Órgãos, com uma programação de eventos, capacitações e mobilização da população. Este ano, a Campanha traz o tema “Doar órgãos é uma decisão difícil, mas salva vidas”.
A abertura da Campanha ocorre no auditório da Secretaria Estadual de Saúde, no Bongi, na terça-feira (24/09), a partir das 9h, com a realização do Simpósio sobre a prevenção da Insuficiência Renal Crônica e a Fila de Transplantes. O evento é voltado para os profissionais de saúde que atuam na atenção básica (PSFs e Policlínicas) dos municípios pernambucanos, com o objetivo de chamar a atenção sobre os cuidados e tratamento da hipertensão e diabetes como forma de evitar a insuficiência renal, que provoca a necessidade de transplante renal.
Pernambuco é o 6º Estado brasileiro em número de transplantes de rins, com um total de 151 cirurgias realizadas de janeiro a julho de 2013. Embora esses números sejam animadores, ainda são insuficientes diante da demanda crescente de pacientes na lista de espera. Para se ter uma ideia, atualmente, 85% dos pacientes que aguardam por um transplante no Estado precisam deste órgão. São 1.426 pessoas que dependem unicamente de um transplante de rim para continuarem a realizar suas atividades normalmente. De acordo com os registros da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos e Tecidos, a fila de espera por um rim em Pernambuco é a 6ª maior do país.
“Nossa intenção, na abertura da Semana Nacional de Doação de Órgãos, é que os profissionais que estão na atenção básica lembrem que, se a gente não cuidar do hipertenso e do diabético, inevitavelmente, não conseguiremos diminuir a fila de transplantes, pois mesmo com um número significativo de doações, a taxa de entrada de novos pacientes na fila permanece muito grande. Além disso, eles terão a real noção das dificuldades que existem por trás da realização de um transplante, que vai desde os problemas para conseguir a doação até a compatibilidade entre doador e receptor”, ressalta a coordenadora da CT-PE, Noemy Gomes.
DOCUMENTÁRIO – Na abertura da Semana Nacional de Doação de Órgãos, no auditório da SES, no Bongi, também será exibido o documentário Transplantes: a vida continua. Realizado pelo Governo de Pernambuco, o filme de 13 minutos mostra um pouco da história da CT-PE e o passo a passo do processo de transplante. Além disso, através de depoimentos de pacientes que estão na fila de espera, transplantados, profissionais de saúde e familiares dos doadores, o vídeo destaca a importância da doação de órgãos para quem tem como única alternativa para continuar vivendo o tratamento através da substituição do órgão incapaz pelo órgão doado.
PROGRAMAÇÃO – Além do Simpósio, outros três cursos, voltados para profissionais de saúde, residentes e estudantes, serão realizados. Na própria terça-feira, das 13h às 18h, o auditório do Hospital da Restauração recebe o Curso de Comunicação de Más Notícias e das 18h às 22h, o IV Encontro Estudantil de Incentivo à Doação de Órgãos e Tecidos. Entre os temas abordados, nos dois eventos, estão as estratégias para entrevista familiar sobre doação de órgãos, a morte e o morrer na perspectiva dos profissionais de saúde e a ética na doação de órgãos. Já na quinta-feira (26/09), das 14h às 18h, a CT-PE promove o Curso de Morte Encefálica, que será realizado no Centro de Formação dos Servidores e Empregados Públicos do Estado de Pernambuco (Cefospe), localizado no bairro da Boa Vista.
Na próxima sexta-feira (27), para marcar o Dia Nacional da Doação de Órgãos, comemorado em todo o país, será realizada uma caminhada no Parque da Jaqueira, com concentração às 7h, e que contará com a participação de familiares transplantados, representantes de instituições que fazem a captação e transplante de órgãos, profissionais de saúde e funcionários da Central. Durante a ação, serão entregues materiais informativos sobre a doação de órgãos e os transplantes.
DADOS – Em Pernambuco, 1.712 pessoas esperam por um órgão ou tecido para sair da lista de espera da CTPE e ganhar uma melhor qualidade de vida. Depois do rim, responsável por quase 90% da lista, a maior espera é de pacientes que aguardam por um fígado – 143 pessoas. Em terceiro lugar, estão os que precisam de transplante de medula óssea (44), em seguida, vem coração com 13 pessoas na lista de espera e, por último, três pacientes que na esperança do transplante simultâneo de rim e pâncreas.
DOAÇÃO – Qualquer pessoa pode doar seus órgãos, desde que não tenha passado por doenças que possam ter contaminado ou que prejudiquem o funcionamento do órgão. Para que ocorra a doação, primeiramente, é preciso haver a confirmação de morte encefálica do paciente – quando não há mais atividade cerebral, mas os órgãos continuam em funcionamento, com a ajuda de aparelhos. Para isso, há um rígido protocolo, com a avaliação médica e realização de uma série de exames. Após essa confirmação, é hora da permissão dos familiares para que ocorra a doação. O primeiro, e mais essencial, passo para se tornar um doador é avisar a seus parentes sobre esse desejo, pois, de acordo com a legislação dos transplantes no Brasil, a doação deverá ser consentida pelo familiar de até 2º grau. Após assinatura do termo de autorização, a Central encaminha o órgão para um receptor compatível, obedecendo a ordem da lista única do Estado. Não havendo compatibilidade, o órgão entra na lista nacional, podendo ser enviado para outro Estado do país.
Quem tiver alguma dúvida ou quiser maiores informações sobre transplantes pode ligar para o telefone 0800.281.21.85 ou pelo e-mail transplantespe@saude.gov.br.
Informações: Secretaria Estadual de Saúde
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