A contagem regressiva da Carnaval 2013 de Pernambuco - 8 de fevereiro é a
data da tradicional abertura da festa - surge com uma tonelada de baixo
astral. O motivo: protesto contra os atrasos dos pagamentos dos cachês
aos artistas que participam da festa. O burburinho começou em maio do ano passado, quando, via Twitter, o guitarrista da Nação Zumbi Lúcio Maia informou que a banda não faria shows no Carnaval deste ano. "Tem sido assim há anos, mas agora chega". Entre os questionamentos, está a aparente diferença no tratamento com artista que vem de fora e os nomes locais. "Santo da casa não faz milagres", completou.
Na última segunda (7), porém, um novo alvoroço foi criado nas redes sociais. China, cantor e ex-VJ da MTV, postou no seu blog um texto que explica aos fãs os motivos que lhe fazem desistir de compor a grade de atrações carnavalescas. "Me sujeitava a receber os cachês com três meses de atraso como ficara acordado, pois queria mesmo tocar e mostrar minhas canções ao grande público, mas a situação se tornou insustentável pois esses ‘três meses’ foram virando seis, oito, e até onze meses sem receber o que eu tinha direito por meus serviços prestados."
Seguindo o embalo, foi a vez de a cantora Alessandra Leão fazer um anúncio parecido, em seu site pessoal, com o texto Mudamos nós, publicado na terça (8). "Aviso a quem possa interessar que decidimos não fazer shows, nem eu e nem (Rodrigo) Caçapa , no Carnaval de Pernambuco/Recife/Olinda 2013. Essa decisão tem um motivo simples: se as políticas de seleção, contratação e pagamento de shows não mudam para as Prefeitura do Recife e Olinda nem para o Governo do Estado, mudamos nós", avisou.
Fábio Trummer, vocalista da Eddie, apoia o protesto e propõe que o contrato dos shows seja feito de forma "coerente", como "no mundo todo, fora de Pernambuco". "Não dá mais pra ficar reclamando, falando, indo ao público. Precisa ter uma máquina para poder crescer. Somos empreendedores, temos que pagar as pessoas no dia. A gente pode desistir de tocar se eles não aceitarem as cláusulas do contrato, uma data coerente de pagamento". Outro artista da terra, DJ Dolores afirma que já deixou de aceitar convites de shows ligados ao governo e a prefeitura. "China e Alê tocaram em um nervo sensível da indústria cultural", lamenta.
Procurada pela reportagem do JC, a assessoria da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) responsável pelo Carnaval do Estado, não enviou resposta oficial até o fechamento desta matéria. Já as críticas ao poder municipal, são dirigidas à antiga gestão que saiu da Prefeitura em dezembro, responsável pelo Carnaval recifense. Na terça (8), em evento público, o prefeito Geraldo Júlio deixou claro que a prioridade é pagar os artistas do Carnaval deste ano. "Vamos ter uma sistemática de recebimento de documentos de todo mundo que vai trabalhar. A gente sabe que há muitas pendências que vieram de outros anos e nós vamos analisar e ver quem podemos pagar. Vamos ver caso a caso", afirmou.
CÁ PRA NÓS
Os artistas estão cobertos de razão. Há anos os artistas considerados de nível nacional recebem antecipadamente pelos shows realizados enquanto os de casa passam meses a fio sem receber como se não tivessem contas a pagar e músicos.
Por que se em recursos para pagar uma parte e outra não? O tratamento deveria ser igual para todos, se vai tocar , recebe antes e pronto e não ficar amolando e enrolando o artista da terra. E ainda tem a questão que estão exigindo que o artista mostre fotos do show que fez para comprovar que tocou como se não tivesse ninguém da Fundarpe no local pra constantar.
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