Beneficiado por uma disputa suicida que fragilizou as principais
lideranças petistas na cidade, o governador Eduardo Campos (PSB) caminha
para se tornar o grande vitorioso das eleições municipais em Recife,
capital de Pernambuco. Seu candidato, o até então desconhecido Geraldo
Júlio, está há várias semanas em movimento ascendente e aparece na
pesquisa Ibope divulgada hoje (24) com 39% das intenções de voto.
A briga entre os petistas - que pulverizou a Frente Popular da qual Campos fazia parte - serviu também para ressuscitar o PSDB local, que começou a campanha sem muitas pretensões e agora vê seu candidato, Daniel Coelho, alcançar o segundo posto na disputa. De acordo com o Ibope, Coelho subiu de 15% para 24%, trocando de posição com o senador Humberto Costa (PT), que caiu de 25% para 16%. Em quarto aparece Mendonça Filho (DEM), com 4%. A pesquisa ouviu 1.106 eleitores recifenses entre os dias 20 e 22. A margem de erro é de três pontos percentuais.
A briga entre os petistas - que pulverizou a Frente Popular da qual Campos fazia parte - serviu também para ressuscitar o PSDB local, que começou a campanha sem muitas pretensões e agora vê seu candidato, Daniel Coelho, alcançar o segundo posto na disputa. De acordo com o Ibope, Coelho subiu de 15% para 24%, trocando de posição com o senador Humberto Costa (PT), que caiu de 25% para 16%. Em quarto aparece Mendonça Filho (DEM), com 4%. A pesquisa ouviu 1.106 eleitores recifenses entre os dias 20 e 22. A margem de erro é de três pontos percentuais.
Frente Popular
O PT governa a Prefeitura do Recife há 12 anos, desde que, em 2000, o ex-metalúrgico João Paulo Lima e Silva tornou-se o primeiro prefeito operário da história da cidade. Seu governo teve ampla aprovação popular, o que garantiu sua reeleição em 2004 e a eleição de seu sucessor, o atual prefeito João da Costa, em 2008. Em todas essas eleições, o PT esteve junto com o PSB e outros partidos que formavam a quase imbatível Frente Popular - que também ajudou a eleger e reeleger Eduardo Campos governador do estado (em 2006 e 2010).
João Paulo terminou a sua gestão com um índice de aprovação de 88% dos recifenses. Mas logo no início da gestão de João da Costa, as relações entre ambos estremeceram. Desde então, o atual chefe do Executivo no Recife ficou isolado e os próprios aliados passaram a questionar publicamente a qualidade de sua administração.
Prévias suicidas
Com o direito de tentar a reeleição, João da Costa anunciou no início do ano sua pré-candidatura. Na época, ele aparecia nas pesquisas com 34% das intenções de voto. João Paulo também disse que estava na disputa, mas acabou desistindo em favor do então deputado federal licenciado e secretário de Governo de Eduardo Campos, Maurício Rands, ex-líder do governo Lula no Congresso Nacional.
Depois de muita briga e trocas de acusações pela mídia, João da Costa e Maurício Rands disputaram as prévias do PT no dia 20 de maio. O prefeito acabou ganhando com 52%, mas não levou. Diante das muitas acusações de irregularidades no processo - de parte a parte -, a direção nacional do PT decidiu cancelar as prévias e levou os dois a abrirem mão da disputa em favor Humberto Costa.
A mudança provocou novos desgastes. De um lado, anunciou em carta aberta seu desligamento do partido, a devolução do mandato parlamentar e seu afastamento da política. De outro, João da Costa e seu grupo simplesmente não se engajaram na campanha de Humberto.
O resultado é que, mesmo com a inclusão do popular João Paulo como vice na chapa, a candidatura petista começou a definhar.
Com o direito de tentar a reeleição, João da Costa anunciou no início do ano sua pré-candidatura. Na época, ele aparecia nas pesquisas com 34% das intenções de voto. João Paulo também disse que estava na disputa, mas acabou desistindo em favor do então deputado federal licenciado e secretário de Governo de Eduardo Campos, Maurício Rands, ex-líder do governo Lula no Congresso Nacional.
Depois de muita briga e trocas de acusações pela mídia, João da Costa e Maurício Rands disputaram as prévias do PT no dia 20 de maio. O prefeito acabou ganhando com 52%, mas não levou. Diante das muitas acusações de irregularidades no processo - de parte a parte -, a direção nacional do PT decidiu cancelar as prévias e levou os dois a abrirem mão da disputa em favor Humberto Costa.
A mudança provocou novos desgastes. De um lado, anunciou em carta aberta seu desligamento do partido, a devolução do mandato parlamentar e seu afastamento da política. De outro, João da Costa e seu grupo simplesmente não se engajaram na campanha de Humberto.
O resultado é que, mesmo com a inclusão do popular João Paulo como vice na chapa, a candidatura petista começou a definhar.
Ascensão meteórica
Enquanto essa briga se desenrolava, o governador Eduardo Campos, também presidente nacional do PSB, anunciou a retirada do apoio ao PT no Recife, sob alegação de falta de unidade entre os petistas, e lançou o nome do seu secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Júlio.
Aos 41 anos e com perfil técnico, Geraldo Júlio nunca havia disputado uma eleição e era um desconhecido para a imensa maioria dos recifenses. Tanto que a primeira pesquisa publicada pelo Ibope, no dia 16 de julho, colocava o político do PSB na quarta posição, com 5% das intenções de voto.
Apesar da baixa cotação nas sondagens, Geraldo começou a campanha com trunfos nada desprezíveis: com o engajamento do governador, teve o apoio de 14 partidos e conseguiu 12 minutos e 38 segundos de tempo no horário eleitoral, o dobro de Humberto Costa (6'14”).
O jogo não tardou a virar. O petista saiu na dianteira na pesquisa Ibope, com 40% das intenções de voto, seguido pelo ex-governador Mendonça Filho, com 20%. Em terceiro vinha Daniel Coelho, com 9%, deputado estadual de 34 anos que disputa pela primeira vez um mandato majoritário.
Com a campanha nas ruas e na TV, o governador colocou sua imagem a Geraldo Júlio, como Lula fez com Dilma nas eleições presidenciais de 2010, e passou a afirmar que todas as grandes obras e iniciativas de seu governo tinham o dedo e o trabalho do candidato. A de Humberto Costa começava com a militância completamente dividida. O PT não se recuperou das prévias traumáticas e grande parte dos petistas que estão na prefeitura passaram a fazer campanha contra Humberto Costa, inclusive o prefeito preterido pelo partido.
Enquanto essa briga se desenrolava, o governador Eduardo Campos, também presidente nacional do PSB, anunciou a retirada do apoio ao PT no Recife, sob alegação de falta de unidade entre os petistas, e lançou o nome do seu secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Júlio.
Aos 41 anos e com perfil técnico, Geraldo Júlio nunca havia disputado uma eleição e era um desconhecido para a imensa maioria dos recifenses. Tanto que a primeira pesquisa publicada pelo Ibope, no dia 16 de julho, colocava o político do PSB na quarta posição, com 5% das intenções de voto.
Apesar da baixa cotação nas sondagens, Geraldo começou a campanha com trunfos nada desprezíveis: com o engajamento do governador, teve o apoio de 14 partidos e conseguiu 12 minutos e 38 segundos de tempo no horário eleitoral, o dobro de Humberto Costa (6'14”).
O jogo não tardou a virar. O petista saiu na dianteira na pesquisa Ibope, com 40% das intenções de voto, seguido pelo ex-governador Mendonça Filho, com 20%. Em terceiro vinha Daniel Coelho, com 9%, deputado estadual de 34 anos que disputa pela primeira vez um mandato majoritário.
Com a campanha nas ruas e na TV, o governador colocou sua imagem a Geraldo Júlio, como Lula fez com Dilma nas eleições presidenciais de 2010, e passou a afirmar que todas as grandes obras e iniciativas de seu governo tinham o dedo e o trabalho do candidato. A de Humberto Costa começava com a militância completamente dividida. O PT não se recuperou das prévias traumáticas e grande parte dos petistas que estão na prefeitura passaram a fazer campanha contra Humberto Costa, inclusive o prefeito preterido pelo partido.
Lula x Campos
Os dois políticos mais queridos do estado, o ex-presidente Lula e o governador Eduardo Campos, são os principais garotos-propaganda da campanha eleitoral para a Prefeitura do Recife. As figuras de ambos são usadas positivamente por todos os principais candidatos.
Mas enquanto Eduardo Campos entrou de cabeça na batalha por seu candidato, Lula limita-se a apoiar Humberto Costa apenas no programa eleitoral. Na primeira propaganda política do candidato petista na TV, Lula disse que viria ao Recife pedir apoio para Humberto no início de setembro. Até agora não apareceu nem há previsão de visitar a capital pernambucana.
O ex-presidente foi aconselhado por lideranças locais a ficar distante da campanha de Humberto Costa. “A Frente (que elegeu os três últimos prefeitos do Recife) todinha está contra o PT. Se está contra o PT, alguma coisa está errada. Lula tem que ser poupado disso”, disse o presidente municipal do partido, Oscar Barreto.
Quando o presidente de um partido faz críticas dessa monta na reta final de uma eleição, é sinal que a “arenga” está feia e a situação, “cabulosa”, como dizem os pernambucanos.
Os dois políticos mais queridos do estado, o ex-presidente Lula e o governador Eduardo Campos, são os principais garotos-propaganda da campanha eleitoral para a Prefeitura do Recife. As figuras de ambos são usadas positivamente por todos os principais candidatos.
Mas enquanto Eduardo Campos entrou de cabeça na batalha por seu candidato, Lula limita-se a apoiar Humberto Costa apenas no programa eleitoral. Na primeira propaganda política do candidato petista na TV, Lula disse que viria ao Recife pedir apoio para Humberto no início de setembro. Até agora não apareceu nem há previsão de visitar a capital pernambucana.
O ex-presidente foi aconselhado por lideranças locais a ficar distante da campanha de Humberto Costa. “A Frente (que elegeu os três últimos prefeitos do Recife) todinha está contra o PT. Se está contra o PT, alguma coisa está errada. Lula tem que ser poupado disso”, disse o presidente municipal do partido, Oscar Barreto.
Quando o presidente de um partido faz críticas dessa monta na reta final de uma eleição, é sinal que a “arenga” está feia e a situação, “cabulosa”, como dizem os pernambucanos.
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Pujança econômica
Com 1,5 milhão de habitantes, Recife é a terceira cidade mais rica do Nordeste, atrás apenas de Salvador (BA) e Fortaleza (CE). O Produto Interno Bruto de R$ 25 bilhões representa aproximadamente um terço do PIB estadual. Do total de riquezas produzidas, o setor de serviços tem a maior participação (83%) e hoje Recife é o maior polo de serviços modernos da região Nordeste.
Com 1,5 milhão de habitantes, Recife é a terceira cidade mais rica do Nordeste, atrás apenas de Salvador (BA) e Fortaleza (CE). O Produto Interno Bruto de R$ 25 bilhões representa aproximadamente um terço do PIB estadual. Do total de riquezas produzidas, o setor de serviços tem a maior participação (83%) e hoje Recife é o maior polo de serviços modernos da região Nordeste.
Ainda tem a seu favor o fato de abrigar um dos maiores parque
tecnológico do Brasil, o Porto Digital, e de sediar o mais importante
polo médico do Norte/Nordeste. Soma-se a isso o reflexo dos novos
empreendimentos no Estado, como o Complexo Industrial Portuário de Suape
e a instalação das fábricas da Fiat e da Gerdau. Embora as empresas
estejam instaladas em outros municípios, elas buscam no Recife o suporte
necessário nas mais diversas áreas, estimulando a criação de novos
negócios na capital.
Apesar dessa pujança econômica, a desigualdade social é grande e o
Recife ainda tem cerca de 20% da sua população vivendo na miséria. A
taxa de desemprego tem caído, mas ainda é uma das mais altas do país,
com 6,7% de desocupados em agosto, contra 5,3% da média nacional.
Na última década, a cidade cresceu muito e se desenvolveu sob o
comando do PT, que colocou em primeiro plano as necessidades da
população mais empobrecida, com adoção de políticas públicas que
serviram para ampliar os canais de participação da sociedade na própria
gestão.
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