Roberto Cruz lança o livro " Contos Urbanos e Lendas Rurais" em Arcoverde

Foto: Amannda Oliveira

O cantor, compositor e escritor Roberto Cruz lançou neste sábado (3), na 1.ª Feira de Livro e Conhecimento dos Sertões organizada pela Livraria Lira Cultural na cidade de Arcoverde o livro intitulado " Contos Urbanos e Lendas Rurais".

O livro que é acompanhado de um cd possui histórias que mesclam o universo rural com o universo urbano com textos que retratam o novo e o velho, as tradições e o medo da violência, a fofoqueira que todos tem como vizinha e tudo com uma linguagem atraente dada pelo escritor que retrata por vezes memórias advindas da sua infância vivida na cidade de Bom Jardim.

Histórias que podem ser contadas entre amigos ou momentos divididos com ente queridos na sala de estar ou em uma confraternização no fundo do quintal.

Durante a apresentação do livro, Roberto contou os contos e cantou diversas das músicas contidas no cd encantando ao público que se fazia presente.

o livro que vem acompanhado de um cd é o tipo de publicação que nos prende da primeira a última página e que vale a pena ler, reler e dar de presente.

Confiram um dos textos do livro intitulado: "DIZ O DITADO".

Rapaz, não existe ditado mais certo do que esse: "macaco que olha o rabo dos outros esquece do seu". Mas não é que esquece mesmo.

Dona Inácia tem essa mania de vigiar a vida alheia não é de hoje, sabe tudo que acontece na rua. Quem chega tarde, quem sai mais cedo, quem volta de madrugada, quem perdeu o emprego, quem tá de namorado novo, marido que brigou com a mulher, quem é amante de quem, quem não "dá no couro", quem vai casar, separar, engravidar, viajar, só não sabe direito o que acontece dentro da casa dela. Vive na calçada de papo com outras de sua laia, se "atualizando", como costuma dizer. Seu Jota é paciente até demais paciente não, acho que é leseira ou esperteza mesmo, ou então deve morrer de vergonha da mulher, praticamente não bota a cara na rua.

Outra coisa, nunca vi ninguém gostar de contar tana vantagem feito ela. Vive num aperto, numa pindaíba danada, todo mundo sabe, mas, é um tal de eu possuo isso pra lá, eu comprei aquilo pra cá, é por que Jota já tá com duas casas na praia, comprou um sítio no interior, vai viajar não sei pra onde. Olhe que eu chega perco a paciência! Essa riqueza toda e vive pedindo colher de açúcar e de café na porta lá de casa, eu não falo nada que é pra não criar inimizade. 

E tem mais, tudo dela é melhor . É porque a filha é advogada formada, tá estudando pra ser promotora, o filho é intelectual dois come e dorme que nunca trabalharam na vida, tenha santa paciência!

Ronaldo, meu filho mais velho, já disse que qualquer dia perde a compostura e vai lá tomar satisfação. Andou sabendo que ela espalhou por ai que ele é " gala rala", que não faz menino, é da conta dela se ele e a esposa não querem ter filhos agora? Dona Graça, adoentada, quase não sai de casa, e ela vive dizendo que é preguiça o que a coitada tem. Metida a crente, pra ela todo homem é cachaceiro e toda mulher é quenga. Anda por aí de Bíblia na mão, mas não faz uma caridade a ninguém.

Eu não gosto de falar não , mas há certas coisas que não dá pra gente engolir. A filha dela todo mundo tá cansado de saber , já saiu com metade da rua , e agora deu pra sair  com homem casado, só ela não sabe. O filho, gigolô de segunda linha, tá de caso com uma bicha velha que sustenta ele. Quanto ao marido, com aquela cara de besta, trouxe pra dentro de casa um menino que é a cara dele, junto com a mãe e , Dona Inácia ainda vem se gabar dizendo que agora tem empregada.

Acho que já tô falando demais, é como diz o ditado" cada macaco no seu galho".

Cala-te boca! 

Em Arcoverde o livro pode ser encontrado na Livraria Lira Cultural e no Recife na Livraria Cultura.

Amannda Oliveira