A novela Cordel do Fogo Encantado, valorizou no país inteiro, uma coisa que é muito familiar para os nordestinos: a Literatura de cordel . Nas cidades nordestinas eles podem ser vistos nas feiras livres, bancas de revista e eventos culturais. Os folhetos que retratam através de poemas a cultura popular teve origem em Portugal, e trazido ao Brasil ainda durante a Colonização. Lá os eles eram pendurados em barbantes chamados cordéis. No Nordeste brasileiro, os cordéis são escritos em forma rimada e alguns ilustrados com xilogravuras, o mesmo estilo de gravura usado nas capas. Muitas vezes nas feiras livres podemos encontrar cordelistas recitando leituras, declamando empolgados os seus escritos ou cantando os causos e com temas que retratam o cotidiano, episódios históricos e personagens como Lampião, Frei Damião ou Padre Cicero, temas religiosos, lendas e atualmente para ensinar temas como paz e violência. Os estado que mais se destacam na produção de cordel são Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
A poética de um cordel se divide em Quadra, Sextilha, Septilha, Oitava, Quadrão, Décima, Martelo, Galope à beira-mar e Carretilha.
A Quadra, é uma estrofe de quatro versos. Foi a quadra que iniciou o cordel, mas não é tão utilizada nos dias atuais.
A Sextilha, é uma estrofe de seis versos de sete sílabas, com o segundo, o quarto e o sexto rimados.
Da minha infelicidade
A Septilha, é uma estrofe (rara) de sete versos; setena (de sete em sete). Na septilha usa-se o estilo de rimar os segundo, quarto e sétimo versos e o quinto com o sexto, podendo deixar livres o primeiro e o terceiro.
A Oitava, é a estrofe ou estância de grupo de versos que apresentam sentido completo de oito versos. Oito-pés-em-quadrão. Oitavas-a-quadrão.
Como o nome já sugere, a oitava é composta de oito versos (duas quadras), com sete sílabas. A rima na oitava difere das outras.
O Quadrão, Oitava na poesia popular, cantada, na qual os três primeiros versos rimam entre si, o quarto com o oitavo , e o quinto , o sexto e o sétimo também entre si.
Geralmente nas pelejas é dado um mote para que os violeiros se desdobrem sobre o mesmo.
O Martelo, é uma estrofe composta de decassílabos, muito usada nos versos heroicos ou mais satíricos, nos desafios. Os martelos mais empregados são o gabinete e o agalopado.Martelo agalopado - Estrofe de dez versos decassílabos, de toada violenta, improvisada pelos cantadores sertanejos nos seus desafios.
Martelo de seis pés, galope - Estrofe de seis versos decassilábicos. Também se diz apenas agalopado.
Às vezes, porém, o primeiro, o segundo, o quinto e o sexto versos da estrofe são heptassílabos, e o refrão é "meu galope à beira-mar". É considerado o mais difícil gênero da cantoria nordestina, obrigatoriamente tônicas as segunda, quinta, oitava e décima primeira sílabas.
A Redondilha, - Antigamente, quadra de versos de sete sílabas, na qual rimava o primeiro com o quarto e o segundo com o terceiro, seguindo o esquema abba.
- Hoje, verso de cinco ou de sete sílabas, respectivamente redondilha menor e redondilha maior.
A Carretilha, Décima de redondilhas menores rimadas na mesma disposição da décima clássica , miudinha, parcela , parcela-de-dez.
Pra vocês um trechinho do cordel: A chegada de lampião no inferno de Guaiapuan Vieira.
Sou o Capitão Virgulino
Guerrilheiro do sertão
Defendi o nordestino
Da mais terrível aflição
Por culpa duma polícia
Que promovia malícia
Extorquindo o cidadão.
Por um cruel fazendeiro
Foi meu pai assassinado
Tomaram dele o dinheiro
De duro serviço honrado
Ao vingar a sua morte
O destino em má sorte
Da “lei” me fez um soldado.
Mas o que devo a visita
Pedro fez indagação
Lampião sem bater vista:
Vê padim Ciço Romão
Pra antes do ano novo
Mandar chuva pro meu povo
Você só manda trovão
Pedro disse: é malcriado
Nem o diabo lhe aceitou
Saia já seu excomungado
Sua hora já esgotou
Volte lá pro seu Nordeste
Que só o cabra da peste
Com você se acostumou.
Amannda Oliveira
Um poética do cordel foi retirada do site Wikipédia.
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