Emoção, orgulho, vitória e alegria muita alegria. Quem assistiu a abertura da copa na África ontem não assistiu a mais um espetáculo que em uma copa, assistiu a vitória de uma nação inteira que após séculos de miséria, descriminação racial e tantas dificuldades históricas, conseguiram arrumar a casa e se tornar durante 30 dias o centro do mundo.
O Orlando Stadium parecia pequena diante de um público estimado em 36 mil pessoas. O presidente sul-africano, Jacob Zuma, e o presidente da Fifa, Joseph Blatter, abriram as cortinas do espetáculo com três horas de duração, repleto de astros da música internacional como Black Eyed Peas, Amadou & Mariam, Juanes, Alicia Keys e Shakira.
Zuma agradeceu à Fifa por ter escolhido a África do Sul, seis anos atrás, como sede da Copa do Mundo de 2010 e poder dar a quase 50 milhões de pessoas a oportunidade de viver um sonho que talvez fosse impensado para a esmagadora maioria delas.
- Hoje conseguimos provar que a África tem capacidade de organizar um evento de proporção mundial. E peço que todos vocês mostrem esse calor aos visitantes até o dia em que eles forem embora daqui. A África é a sede. A África é o palco. A África é “cool” !!! (legal!).
O prêmio Nobel da Paz de 1984, Desmond Tutu paramentado de Bafana Bafana, roubou a cena. Dançando, cantando, rindo e fazendo rir, o arcebispo parecia estar sonhando. Por mais de uma vez ele disse “estou sonhando, alguém pode me acordar?”.
E não poupou elogios a Nelson Mandela.
- Estamos em Soweto e ele está em Joanesburgo (separados por poucos quilômetros). Mas se a gente gritar ele escuta: “Mandeeeeeela!!!”, “Viva, Madibaaaaaaa!” - ordenou Tutu, obviamente atendido por todos.
E Mandela, morador do bairro de Houghton,deve ter escutado com certeza e se emocionado por perceber a grande vitória que ele sem sombra de dúvida ajudou a se realizar. Aos 91 anos, o ex-presidente sul-africano não foi ao show por estar doente.
- Ke Nako !!! (“Chegou a hora”) - despediu-se o arcebispo, chamando um clipe onde mostrava Mandela o líder: “advogado, boxeador, marido, pai, revolucionário...”. Alguns na platéia foram às lágrimas. Para quem assistia chegava a ser difícil ao menos tentar se colocar no lugar de um sul-africano e entender o que se passava naquele momento.
Outro momento importante foi sem sombra de dúvida o clipe que mostrava copa a copa com algumas das imagens mais importantes e os seus vencedores. Eu tive a sensação de entrar num túnel do tempo ao ver imagens das copas que assisti , torci, comemorei, chorei. É impressionante como imagens são únicas e marcam a história.
Que bom ver que a África vai começar a ser vista como outros olhos, mostrando que nem tudo foi feito, aliás, ainda há muito a ser vencido, inclusive o preconceito interno que ainda existe no país, mas o dia de ontem nos mostra que nada está perdido, que histórias podem ser mudadas e melhor reescritas.
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